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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Como (quase) sumiram os registros da música popular brasileira!

Culturalmente chocante este relato de Humberto Franceschi.
A cada novo indício, os discos da Casa Edison se tornam mais raros e valiosos.

linkado do blog chiadofone.blogspot.com

http://chiadofone.blogspot.com/2009/06/blog-post.html

domingo, 23 de outubro de 2011

Os exóticos discos de Raio-X

"roentgenizdats"
Na antiga URSS, no período pós guerra, muita coisa era proibida por simplesmente não ser feita por comunistas. A subversividade aflorava nas mentes e algumas chegavam a se realizar.
Ora, neste caso o motivo era muito simples, trazer música ocidental (Rock, Blues, Jazz) para o rígido lado oriental.

Os militares, durante a segunda guerra, utilizavam o  "Voice-o-graph"  para enviar mensagens à família.
Estas máquinas foram abandonadas, após a guerra, nos locais onde serviam e a população se apossou delas.
Os roentgenizdats, como ficaram conhecidos, eram discos gravados em chapas de raio-x. De matéria prima provinda de descartes dos hospitais ou mesmo de arquivos pessoais médicos, eram gravações baratas, vendidas às escondidas pelo esquema 'amigo do amigo'.

Mais informações no site: Contraversão e no Collectorsquest


Nesta época, este era o meio mais fácil de se reproduzir um som. A gravação mecânica em alta velocidade era o meio mais difundido na época, e mais acessível. .
O processo de gravação destes discos se assemelha ao primeiro processo de reprodução dos antigos cilindros: O disco original é tocado, o som é captado, amplificado e gravado mecanicamente em um outro suporte. Assim eles tinham gravações caseiras do popularesco ocidental pronta para ser difundida no lado comunista.

Se perde muita qualidade (gradativamente maior devido ao modo de gravar e ao suporte utilizado) pois estas gravações são dependentes do suporte e sofrem interferências do meio. Podem sofrer interferências dos cabos, do vento, da poeira, etc. São completamente diferente das reproduções digitais, que podem ser multiplicadas diversas vezes com a mesma qualidade e sem interferências ambientais no som.

Os discos de raio-x, assim como gravações nos “Voice-o-phones”, foram praticamente extintos pela popularização da gravação em fitas magnéticas nos anos 60
E assim por diante, quão mais barato e prático é o meio, mais fácil de difundir ele se torna. A fita magnética reinou até os anos 90, quando foi substituída pelo CD, que ja está sendo engolido pelo leque enorme de portáveis digitais (pen drive, mp3 player, celulares, etc).

Qual o próximo passo da portabilidade sonora?


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A catalogação de suportes de som.

A catalogação de discos me tirou o sono por uns dias, mas agora estou me animando com o assunto!
Claro que estou ainda no começo e ainda limitado, pois meu conhecimento de catalogação não é lá essas coisas.
Meu colega (bibliotecário, aspirante ao mestrado da UnB) Carlos H. Silva foi estagiário na BN no RJ e trabalhou justamente com a catalogação de discos! Achei fantástica a coincidência e suas observações ontem, depois da aula do mestrado, foram muito esclarecedoras. Ainda estamos aprimorando e nos adaptando ao sistema.

Estou utilizando o Biblivre, versão 3.
Alguns campos, por mais que sejam o correto, não aparecem na busca, portanto teremos que utilizar outros próximos, mas que são indexados e recuperados pelo sistema.
Por enquanto está assim:


(110) Autor - Entidade coletiva/nome pessoal/evento
 
(245) Título principal 

(240) Titulo uniforme
-Título de entrada "correta", com grafia contemporânea/regional.


(090) Número de chamada - Localização

-Utilizarei apenas a primeira letra do nome conhecido do intérprete + Cutter do sobrenome + letra do album.  Ex: Disco 'Caros Amigos' de Chico Buarque, entraria por CB917c
Disco "Help", The Beatles, entraria por B369h


(260) Publicação, edição. Etc.


(300) Descrição física   (Não recupera!)
  por ex: 10 pol. 78rpm


(501) Notas iniciadas com a palavra "com"   (Não recupera!)

(505) Notas de conteúdo 
-detalhes do lado b ou da totalidade dos discos
OU
-Dedicatórias, detalhes físicos relevantes, contexto, etc.

(630) Assunto - Título uniforme 
-Assunto dos títulos padronizados

(700)Entrada secundária - Nome pessoal
-Nome dos compositores das músicas. Deverá ser colocado com o número da faixa.
Ex: Garoto 1a (lado A, faixa 1)

(740) Entrada secundária - Título Adicional - Analítico  
desdobramentos das faixas (notas de conteudo 505)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Base empírica e base teórica. Divagações.


'Opinion Paper' da matéria de metodologia de pesquisa, da UnB.


A existência da base empírica e da base teórica de uma pesquisa está sujeita ao que é escolhido como objeto de pesquisa e como metodologia, além de sofrerem também influência direta do conhecimento empírico do pesquisador.  Não podemos considerar as bases como sendo o próprio objeto ou a literatura a seco, mas sim os dados absorvidos e utilizados destes, que são instrumentos para a construção das bases. Grosso modo, a base empírica vai se definir principalmente pelo objeto a ser estudado e um fenômeno que ocorre com este, enquanto a base teórica será definida pelo que se entende que irá explicar o fenômeno sofrido por estes objetos. Poderíamos supor então que uma pesquisa se inicia sem a base empírica e teórica, mas sim apenas com as ferramentas necessárias para que se completem durante a própria pesquisa? A base teórica e empírica são instáveis e sofrem com a interferência do pesquisador?
A base empírica é estruturada sobre o objeto a ser estudado e seus métodos de extração de dados. Podemos dizer que a base empírica então está acima do objeto e da metodologia, e que é resultado da fusão destes dois elementos da pesquisa. Ao conhecer o objeto, o pesquisador se apropria de suas características, como diz Amado Cervo, conhecer é uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido, neste processo o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do objeto conhecido. (CERVO, 2002. p.7). A partir deste conhecimento do objeto, mesmo que superficial, é identificado, ou suposto, um fenômeno que ocorre com este, são propostos então métodos para que se subtraiam dados do objeto e do fenômeno, que serão utilizados na pesquisa. Estes dados, advindos de experiência própria e observações “in loco”, podem ser considerados a base empírica, que só irá completar seu ciclo na conclusão da pesquisa.
Já a base teórica será alçada pela tendência do pesquisador ao entender o objeto e seu fenômeno. Cada pesquisador terá uma visão diferente do fenômeno e do que se entende por objeto, podendo ser visões semelhantes, mas nunca iguais. A partir desta visão, o pesquisador irá traçar uma linha de conhecimento já construído por outros pesquisadores. Cada linha dessas já foi testada e construída nos moldes aceitos atualmente como confiáveis, portanto, são embasadores aceitos cientificamente, para que forme a base teórica de seu projeto. A escolha do que será abordado pelas teorias utilizadas é completamente arbitrária, pode-se ignorar um lado que não se adequa tanto ao projeto, assim como adicionar algo que não contribui tanto para a pesquisa em si, assim como obrigar a citação de autores tidos como “referências” no assunto. Mesmo assim, tão inconstante, poderá estar dentro dos moldes aceitos, retificando o dito de que “a ciência pode ser usada para provar qualquer coisa”, mesmo que seu papel não seja provar coisa alguma.
            Em meu projeto, proponho o estudo de métodos de preservação de suportes de som. Ora, ao escolher o objeto de estudo (suportes de som) e os métodos de análise (generalizando: estudos de métodos de preservação), defini rumos para minha base empírica, mas não a própria base. Foi uma escolha arbitrária do objeto e do método, baseada em meus conhecimentos pessoais e no que poderia ser feito sobre o fenômeno da degradação destes suportes.  Mesmo se eu seguisse tendências estruturais contemporâneas científicas, meu projeto jamais seria replicado por um segundo pesquisador que seguisse a mesma estrutura de objeto e métodos.
            A base empírica deste projeto é formada pela interpretação dos dados que extraio do objeto, por meio dos métodos escolhidos e do meu próprio conhecimento empírico.  Esta interpretação é pessoal, assim como a escolha do objeto e dos métodos. Após me ‘apossar’ das características do objeto, poderia dizer, por outra ótica, que minha base empírica consiste em discos de plástico, fitas e discos de gravações analógicas, ou algo parecido, mas, de acordo com meu conhecimento já construído, e após me integrar ao objeto posso afirmar, com maior convicção, que minha base empírica é formada pelos suportes de som. Vejam que não consiste em dizer o objeto cru apenas, mas sim uma interpretação deste.
A base teórica do meu projeto é também arbitrária, por escolha e limitações pessoais, e por um senso comum da área, que delimita o campo de pesquisa e atuação. Poderiam até serem selecionadas outras fontes para justificar meu projeto, citando, por exemplo, as teorias química como fator definitivo para a questão de preservação, e até certo ponto o é, mas dentro da escola onde estou inserido, a base é outra e a complexidade química é complementar a esta base, sendo tratada superficialmente.
Podemos entender então que a base empírica e a teórica são mutáveis e instáveis, apesar de serem baseadas comumente em objetos concretos e textos já ‘consagrados’ cientificamente, pois vão sofrer ação direta do empirismo do pesquisador e seu universo acadêmico. Sendo assim, duas pesquisas, de mesmo objeto, método e base teórica, se feitas por pesquisadores diferentes, com certeza chegarão a resultados diferentes, talvez similares, mas nunca iguais. Quiçá esta assertiva possa servir até para a mesma pesquisa por um mesmo pesquisador, mas em tempos diferentes, provavelmente também sairão resultados distintos, pois seu empirismo também estará modificado, mais completo na segunda pesquisa que na primeira. A pesquisa sofre influência do pesquisador, e esta também o modifica.

sábado, 30 de julho de 2011

NelsonGonçalves, 1956(?)
Disco raro de 10 polegadas do Nelson Gonçalves, "interpretando musicas de Herivelto Martins".
O disco está até em bom estado, a capa também, mas as capas dessa época costumavam abrir as laterais quando desgastadas. Pra resolver na hora, as pessoas colocavam durex, e assim ficava durante 5, 10, 20 anos.

Nesta foto é possível ver a cola do durex brilhando, na parte inferior da capa. Eu retirei o plástico, mas a "melequinha" ficou. Esta cola é o que estraga, pois ela mancha a área e sua acidez destrói o papel. Deve ser retirada quão antes possível.
Pra retirá-la, neste caso, utilizei uma lâmina de estilete e fui puxando a cola até fazer bolinhas. É um trabalho delicado, demorado e de muita paciencia, mas o resultado final ficou legal. Ficaram algumas marcas, mas a cola saiu praticamente toda.
Talvez seja mais indicado utilizar um bisturi e, como disse acima, não consegui retirar tudo, fiquei com medo de danificar mais ainda a capa. Mas foi uma intervenção válida, o papel teve sua vida prolongada.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A primeira gravação de som, 1860

Não vamos entrar no mérito de quem foi o mais genial ou bem sucedido, este tipo de distinção não cabe. Thomas Edison foi o primeiro a dar continuidade ao seu projeto de gravação de som, porém, o primeiro som realmente gravado foi de Edouard-Leon Scott de Martinville, na França.

A voz fantasmagórica que será ouvida a seguir foi, de fato, a primeira gravação de som de que se tem notícia. A gravação, pelo que entendi, era visual (não existia então depressão física no objeto, como fez Edison) gravada por um aparelho que vibrava uma agulha em cima de uma folha de papel "defumada" por uma lamparina a óleo. Daí a cor escura da folha.
Fonautógrafo de Leon Scott

O grande problema de Leon Scott foi a impossibilidade de reproduzir a "imagem" do som, só possível depois de digitalizado e reproduzido em um simulador de computador, 130 anos depois de feita.

Fonte da foto: http://www.npr.org/

O primeiro som gravado foi este, que uma pessoa/criança cita um trecho da música "Clair de la lune"



Fonte das informações e do som: http://www.firstsounds.org/sounds/scott.php


Talvez reproduzir não tenha sido a intenção inicial de Scott, mas sim apenas gravá-lo para analisar sua estrutura. Aliás, como a pesquisa científica deve ser, não se busca uma solução, mas sim procura-se entender um fenômeno, e foi assim que provavelmente começou Leon Scott. A reprodução foi um 'imprevisto', 130 anos depois.

sábado, 18 de junho de 2011

A importância do bom manuseio

Seria cômico, se não fosse trágico...
Estes cilindros de cêra pararam de ser fabricados na dec. de 20
Boa parte (talvez todos) sejam gravações únicas, pois pelo que sei não existia uma matriz para fabricá-los, apenas podiam ser replicados, mas se perderia muito a qualidade sonora (que ja era bem fraca, por sinal).

Nota nova:
Não creio que seja problema de manuseio neste caso. Acredito que o cilindro tenha se quebrado devido à mudança de temperatura, de dentro da caixa de papelão (que é bem fechada) para o exterior do ambiente de gravação do programa, que deve ter o ar condicionado, frio o suficiente para deixar o suporte sensível pela mudança de temperatura.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

100 YEARS OF RECORDED SOUND INSIDE THE ARCTIC CIRCLE

Music Collections at the National Library of Norway, Rana Division  
Trond Valberg (Senior Archivist, National Library of Norway)

Artigo muito interessante, passando pela história da gravação de som do círculo ártico e sua documentação. Aborda com clareza sobre as tecnologias disponíveis na época e temporaliza seus autores, colocando as datas de nascimento e falecimento. Gostei do formato.

Mas porquê ir até o círculo ártico pra falar deste assunto?

Ora, primeiramente porque é um texto bastante descritivo, segundo porque achei fantástica a climatização natural da região. Pode ser positivo por ser bem frio, mas talvez o grande benefício ao acervo esteja na constância da temperatura. 

A Biblioteca Nacional da Noruega foi fundada em 1989 (bastante jovem!), com sua sede na região de Rana. Esta Região foi escolhida por fatores políticos, mas creio também ter sido por sua peculiaridade física: suas rochas mantêm a temperatura constante em 9ºC, em todas as estações do ano. Sobre estas rochas Construiu-se então um grande prédio, que abriga hoje 42 quilômetros de arquivo, não especifica se é apenas sonoro ou se é um arquivo geral.

A tarefa de preservar estas gravações certamente precisa de atenção especial, não apenas porque suas informações são tesouros culturais, mas também porque seus suportes também o são. Quanto mais tempo se passa, mais frágeis se tornam, criando rachaduras e se quebrando.
Valberg cita o "Plan for the Preservation of Norwegian Sound Recordings" como um revisor histórico e um guia de ação. 
Os planos (são dois!) são um pouco extensos. Se possível, e pertinente for, farei uma postagem pra cada um.
Plan for the Preservation of Norwegian Sound Recordings:

terça-feira, 7 de junho de 2011

Diretrizes para digitalizar e conservar os suportes de som

Inicio este blog divulgando meu derradeiro artigo, que foi o que deu início a esta linha de pesquisa. Foi feito em conjunto com a Professora Ivette Kafure, que muito me incentivou, fechando com chave de ouro esta fase da minha vida acadêmica.

"Esta pesquisa pretende justificar e dar início à concepção de uma metodologia de conservação e digitalização de suportes de som, por meio da união dos conhecimentos dos colecionadores, especialistas, instituições (....) "


Segue o link
http://www.scielo.br/pdf/pci/v14n3/09.pdf